16 março 2009

Memorial do Convento, de José Saramago


Memorial do Convento
José Saramago
18 de Março

Se o lugar de José Saramago nas letras portuguesas é inquestionável – não só pelo Nobel, mas pela marca que a sua obra deixará na História da Literatura Portuguesa – nós, leitores-conversadores, poderemos sempre debruçar-nos sobre o Memorial do Convento e tentar esquecer o peso desta centralidade do Autor e da sua Obra. Claro que haverá tempo para trocarmos impressões sobre o próprio “fenómeno Saramago”, mas mais justo me parece que nos alheemos destas pressões e olhemos para o Memorial do Convento como um (belíssimo!) conto de fadas, onde personagens históricas são contaminadas por vulgares habitantes das histórias maravilhosas.

Para além do que eventualmente se aprenderá com todas as referências a construções monumentais, começando pelo próprio convento de Mafra, e a múltiplos factos socioculturais históricos referentes ao século XVIII, perspectivados de forma deliciosa pelos olhos de um Autor contemporâneo que conversa com leitores de agora, poderemos nas nossas leituras conversar sobre o modo singular como Saramago nos mete dentro das relações humanas, dentro dos conflitos íntimos e pessoais de homens e mulheres de berços diferentes, dentro da cabeça de quem sonha mais à frente que os da sua época.

Todas estas e outras impressões sobre o enredo, a juntarem-se ao estilo a que Saramago nos habituou nos romances de maior fôlego, fazendo o leitor sorrir nos mais belos e poéticos momentos ou arrepiar-se com as maiores crueldades (físicas, emocionais, psicológicas), dão alma a estes pedaços de vida que se contam, e é do que falaremos na próxima sessão do Grup’Eco, dia 18 de Março, pelas 21 horas.

Cláudia Sousa Pereira

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