15 junho 2011

Bienal Internacional de Marionetas de Évora – BIME 2011 | Balanço da 12ª edição


Bienal Internacional de Marionetas de Évora – BIME 2011

Balanço da 12ª edição

Os Bonecos de Santo Aleixo foram, uma vez mais, os dignos anfitriões da festa das marionetas que decorreu em Évora, de 31 de Maio a 5 de Junho.

Seis dias de intensa animação cultural na cidade Património Mundial com a participação de 21 companhias, em representação de 9 países (França, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Portugal, Argentina, Itália, Brasil, e Dinamarca), que realizaram, durante este período, 67 espectáculos distribuídos por diferentes espaços do Centro Histórico (Jardim das Canas, Praça do Giraldo, Pátio Grupo Pró-Évora, Pátio do Arquivo Fotográfico, Largo 1º de Maio, Jardim do Hotel M'Ar de Ar Muralhas, Largo Luís de Camões, Largo Álvaro Velho e Praça do Sertório) e em duas salas do Teatro Garcia de Resende.

A programação da Bienal permitiu ainda a realização de espectáculos no serviço de pediatria do Hospital do Espírito Santo, no Estabelecimento Prisional da cidade e na Escola Conde Vilalva, Escola que participou também com um grupo de jovens no desfile de abertura da BIME.

Algumas das companhias participantes realizaram também espectáculos em Redondo, Arraiolos, Vendas Novas e Estremoz.

Esta edição da Bienal foi também o palco do IX Seminário Internacional de Marionetas de Évora que este ano teve como tema “As formas contemporâneas do teatro de marionetas” e contou com a participação de Christine Zurbach e José Alberto Ferreira do CHAIA da Universidade de Évora, Igor Gandra do Teatro de Ferro – Porto, John McCormick, investigador – Irlanda, Adriana Schneider Alcure da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eric de Sarria, Companhia Philippe Genty – França, Luk de Bruyker, Theatre Taptoe – Bélgica, Manuel Dias, Trulé - Investigação de Formas Animadas e José Russo dos Bonecos de Santo Aleixo. A organização do Seminário, uma parceria entre o Cendrev/BIME e o Centro de História da Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora, constitui um importante espaço de reflexão em torno desta expressão artística e tem contribuído de forma muito significativa para a valorização e dignificação do teatro de marionetas.

Pela sede do Grupo Pró-Évora passaram centenas de pessoas para visitar a instalação “Alice” organizada pelo Teatro de Marionetas do Porto e a exposição de um conjunto de peças da colecção da família Monticcelli de Itália. A Bienal de Évora tem sido também um espaço de mostra de importantes espólios de marionetas portuguesas e de vários cantos do mundo, uma aposta no conhecimento da história das marionetas e na preservação de memórias, de espaços de identidade que nos ajudem a fazer os caminhos do futuro.

Reunimos condições verdadeiramente excepcionais para a realização de um evento internacional desta natureza porque vivemos numa cidade cheia de História, com fortes tradições culturais que propicia com muita facilidade espaços de encontro absolutamente extraordinários, logo ambientes extremamente agradáveis partilhados espontaneamente pelo público e marionetistas, o que confere à Bienal de Évora uma identidade própria que é referida recorrentemente pelos artistas que nela participam, mas também pelos inúmeros visitantes que acorrem à cidade durante a BIME.

Uma outra condição que tem contribuído definitivamente para o êxito alcançado por esta iniciativa é, naturalmente, o facto de serem os Bonecos de Santo Aleixo os seus anfitriões. Este importantíssimo espólio de títeres alentejanos, que o Cendrev integrou no seu projecto artístico, é hoje uma referência incontornável no panorama das marionetas tradicionais em todo o mundo.

O caminho que temos percorrido, enquadrado por uma estrutura de criação e difusão teatral a funcionar no belíssimo Teatro Garcia de Resende desde 1975, tem dado um importante contributo ao desenvolvimento do teatro de marionetas em Portugal bem como à dimensão internacional que o movimento hoje tem entre nós.

Relativamente às condições necessárias à realização desta 12ª edição da Bienal, diremos apenas que foi uma aventura de elevado risco, uma vez que só poderemos dispor de uma parte importante dos financiamentos daqui por alguns meses. A sua concretização só foi possível graças à compreensão e colaboração de todas as companhias e instituições envolvidas directamente no evento.

O Cendrev é uma Associação sem fins lucrativos, com uma clara e reconhecida vocação de serviço público e a Bienal Internacional de Marionetas de Évora, BIME, é disso um exemplo maior, daí que não seja razoável trabalhar nestas condições.

Para o fim deixámos uma referência aos marionetistas portugueses que realizaram o seu Encontro da UNIMA – Portugal nas instalações da SOIR Joaquim António d’Aguiar porque foi também através dos artistas da “palheta” que demos sentido à homenagem que, nesta Bienal, quisemos fazer ao companheiro João Paulo Seara Cardoso (1956 – 2010), fundador e director do Teatro de Marionetas do Porto.

Finalmente, uma palavra de saudação ao muito público (seguramente mais de 10000 espectadores) da cidade, que sempre se envolve na bienal, aos muitos miúdos e graúdos que se animaram com os espectáculos que os foram surpreendendo um pouco por toda a cidade e aos turistas que se deixaram encantar pelos títeres e nos acompanharam até ao espectáculo de encerramento que é já uma imagem de marca da BIME. Estamos certos que o papel desenvolvido pelos órgãos de comunicação social que se interessaram pela Bienal não terá sido indiferente a esse envolvimento, estranho é que a televisão pública tenha ignorado completamente este acontecimento cultural.

Para nós, que vivemos intensamente todos os momentos da organização e realização de um evento desta natureza, é profundamente gratificante sentir que este trabalho, não só toca cada vez mais gente, como merece o aplauso generoso do público.

13 de Junho de 2011

Cendrev

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